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“O desaparecimento do Silvinha”

Crónicas verídicas de Luciano Fraga, relatada por Arlete Fraga

Na cidade da Horta, na Ilha do Faial, Açores, há cerca de 40 anos, trabalhava um indivíduo de nome Silvinha (nome fictício) num dos Jornais locais. Era um indivíduo de tal forma inteligente que, após deixar o jornal, chegou a dar explicações de matemática e outras disciplinas aos comerciantes na Ilha do Pico.

Por motivos que desconhecemos, começou a gostar de uma “pinga”de álcool, vadiando a pé à volta da Ilha do Pico, por caminhos agrestes e pernoitando em atafonas (antigas casas de pasto), furnas, isto quando não conseguia abrigo em casa de populares…

Apesar do álcool no sangue, Silvinha era uma pessoa séria e era estimado por toda a população. Mas todos comentavam que mais dia, menos dia, seria encontrado morto em qualquer beirada.

Pensando nisto, Luciano Fraga resolveu entrar em acção e inventar mais uma história…

Certo dia, na sua mercearia, lançou a “bomba” que o Silvinha tinha desaparecido e ninguém sabia dele… Que talvez ele estivesse para os lados da Freguesia da Piedade…

Foram dizer tal história ao Regente Agrícola do Posto Matos Souto, na freguesia da Piedade e este ficou de tal modo preocupado que deu ordens para que os trabalhadores parassem todo o serviço agrícola! Mandou-os assim procurá-lo na grande área do Posto Agrícola. Estes procuraram-no em todo o lado, inclusive numa furna enorme que por lá existia… E nada…!

O Regente Agrícola participou o desaparecimento ao Regedor da freguesia e este disse-lhe que talvez o Silvinha estivesse num monte próximo (cabeço do Caminho Largo).

De imediato propôs aos populares que o procurassem, ao que prontamente se iniciaram as buscas pois todos tinham receio da peste que poderia haver caso não encontrassem o cadáver.

Toda a freguesia parou para procurar o Silvinha…!

Após horas e mais horas de buscas, a população com muita roupa rasgada por silvas e lenha, regressou desanimada ao centro da freguesia da Piedade (Curral da Pedra).

Estavam todos preocupados a falarem sobre o assunto quando chegou o motorista da camioneta da carreira. Este, admirado com tanta gente junta, perguntou o que se passava. Quando soube a notícia que percorria de boca em boca, disse:

“-Mas vocês estão doidos? O Silvinha desapareceu…? Acabei de o ver, ia a pé na Freguesia de Santa Luzia e bem acompanhado pela bebida…!”

Ficaram todos estupefactos…!

Começaram a questionar-se quem teria inventado tal história…

Mais tarde na mercearia de Luciano Fraga, entraram alguns populares e disseram que devia ter sido ele o autor de tamanha mentira!

Mas, este fazendo um ar inocente, disse que tinha sabido da história através do António Alves.

Daí a alguns dias, a mercearia recebeu uma visita especial: o Silvinha…

Este disse: “-O Sr. Luciano inventou mais uma história e desta vez a meu respeito… Diverti-me bastante com isso pois até os que se julgavam mais espertos, caíram que nem “patinhos” na partida que lhes pregou… Pode inventar mais e tudo o que quiser a meu respeito desde que não me chame ladrão. “

Desataram os dois a rir às gargalhadas!

Luciano brindou-o com um copinho de aguardente e disse-lhe que era oferta da casa pois afinal o Silvinha estava “vivo da silva”…

Quando saiu da mercearia, alguns populares disseram-lhe que estavam contentes por ele estar vivo e cumprimentaram-no emocionados. Queriam saber quem tinha espalhado o boato que ele tinha morrido e disseram-lhe que talvez tivesse sido o Luciano Fraga, o autor de tamanha façanha. O Silvinha, fez-se muito zangado e disse-lhes que de certeza não tinha sido ele pois ele era um grande amigo…

NOTA: Recordo-me do Silvinha. Era um velhote educado e simpático. Por vezes quando estávamos na nossa adega, na Fajã da Baixa, na Ribeirinha do Pico, visitava-nos e os meus pais ofereciam-lhe sempre comida e bebida. Outros tempos em que as populações eram mais unidas…!

 

 

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